sexta-feira, 17 de agosto de 2012


         Tentei fugir, mas não consegui, minha mãe me agarrou pelo braço e subimos as escadas. Fomos direto para a porta de meu quarto, quando ela disse:

Minha mãe - Você quer ser "sapatão" então vai ficar que nem uma. (Me deu murros nas costas e tapas no rosto, foi na gaveta da cozinha e voltou com uma tesoura, me jogou no chão e começou a cortar meus cabelos.)

            Eu não fazia nada além de chorar, eram prantos intensos e ela mandava eu ficar calada para ninguém ouvir, me batia cada vez mais e com muita força. Meu cabelo ficou bem curto e cheio de pontas, doeu muito, mas o que mais doeu foi a rejeição de quem eu pensei que estaria ao meu lado em todas as minhas decisões. Ela perguntou se era isso que eu queria e eu não respondia nada, quando depois de tudo que ela fez ela disse que aceitaria. Eu fiquei feliz, ela foi deitar e começou a passar mal, eu liguei para Bia me ajudar , mas minha mãe tornou e disse que não queria a Bia na casa dela, que aceitava, mas não queria me ver falando com ela em nenhum lugar. 
           Bia já estava a caminho da minha casa, quando chegou tocou a campainha e eu nem desci, disse da sacada apenas que ela tava melhor e que ela tinha aceitado nós duas, Bia saiu muito feliz e me chamando de meu amor, porém quando eu entrei minha mãe começou a jogar coisas na minha cara e dizer que não aceitava mais. Eu disse apenas que gostava da Bia, mas ela me fez prometer nunca mais dar atenção a ela, porque ela não tinha me criado para ser lésbica. Eu comecei a sofrer muito a partir desse dia. 
           Embora minha mãe tenha me pedido desculpas, afirmou ter-se arrependido de ter cortado meu cabelo, mas não se arrependeu de me bater, mandou eu ir em um cabeleireiro ou ela mesma ajeitava, eu preferi que ela não me tocasse para reparar algo que ela tinha tornado triste, ela me abraçou, mas disse que estava magoada comigo e me tirou tudo o que era mais importante que me deu valor no momento em que eu esperava que ela ficasse ao meu lado. 
           Fomos dormir, mas na verdade ninguém dormiu, a Bia me ligou diversas vezes, mas minha mãe não deixava eu falar direito com ela, só pude dizer que ela não aceitava mais. Minha mãe queria minha felicidade, porém só aumentou meu sofrimento. No outro dia fui mandar ajeitar meu cabelo que estava em uma cor ridícula e cortado da pior forma possível. Falava pouco com Bia, mas continuava a namorando. Cheguei inventando uma mentira no salão, mas tenho certeza que ninguém acreditou, pois minhas costas estavam roxas e eu não sabia e estava usando blusa de alça fina. Comecei a me alimentar mal e a sofrer, ficava horas deitada na cama chorando e lembrando de tudo e me recordo que em um desses dias minha mãe pegou a mala, colocou em cima da cama e falou:

Minha mãe - É isso que você quer? Então faz tua mala e vai com ela. 

              Porém algo me dizia que eu não  deveria fazer isso e eu não queria magoar novamente minha mãe. Eu ja estava muito magra e fui ficando cada vez pior.   

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